quarta-feira, 31 de julho de 2013

Fábrica chinesa finalmente abre o jogo e dá detalhes de seu projeto em Camaquã

Depois do silêncio por dois anos após anunciar fábrica de caminhões em Camaquã, no Rio Grande do Sul, a chinesa Shiyan Yunlihong Industrial Trade Company finalmente abre o jogo e dá detalhes de seu projeto no País. Usando o nome Yunlihong Motors do Brasil, a empresa investe com capital próprio R$ 180 milhões para produzir no município gaúcho caminhões leves e médios, com PBT de até 8 toneladas. A previsão é de que os veículos comecem a ser fabricados no final de 2014. Em 2016, 1,5 mil deles poderão ser montados por mês na unidade. O empreendimento no Brasil inclui também investimento adicional para fabricação de implementos rodoviários nos próximos anos.

As informações foram reveladas por Guilherme Roehe, diretor comercial da Yunlihong Motors do Brasil, em entrevista a Automotive Business. O executivo diz que as duas fábricas, a de caminhões e a de implementos, deverão ocupar uma área já definida de 125 hectares no mesmo distrito industrial. Neste momento, o terreno da planta de caminhões já passou por terraplanagem e espera as licenças ambientais para receber o edifício. “Não temos como precisar quando isso ocorrerá. Acreditamos que daqui a 10 meses possamos receber os equipamentos e logo na sequência começar a operar”, afirmou Roehe.

Segundo o diretor, a homologação dos caminhões já começou. “Estamos estudando as adaptações mecânicas dos produtos. Nos próximos 15 dias, importaremos chassis e cabines. Mas ainda não definimos o portfólio de veículos para o Brasil. A adequação dos modelos é o processo mais demorado. Depois, a montagem da fábrica ocorrerá bem mais rápido.”

O executivo tem negociado com fornecedores de autopeças, com a ajuda de outros dois brasileiros - Lúcio Storchi e João Batista Ribeiro, diretores administrativos e jurídico, respectivamente. O único parceiro definido até agora é a Cummins, que já fornece motores para caminhões da marca na China. “A caixa de câmbio deve ser ZF ou Eaton. Também temos conversado com essas duas empresas”, adiantou Roehe.

Uma equipe especializada em recrutamento foi contratada para selecionar os futuros empregados de ambas as plantas. A fábrica de caminhões deverá contar com 250 trabalhadores diretos e mais 500 indiretos.

A rede de concessionárias de caminhões também já começou a ser estruturada. Entre lojas próprias e multimarcas, a Yunlihong espera ser representada através de 15 concessionárias a partir de 2014. O diretor comercial explica que esse é um número definido para início das operações e que deve aumentar com a aceitação da marca chinesa pelo mercado.

IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS

A fábrica de implementos rodoviários, que deve fazer cegonheiras, caminhões-tanque, graneleiros, entre outros, vai demorar um pouco mais para sair do papel, porque não estava nos planos iniciais da Shiyan.

De acordo com Roehe, os chineses já aprovaram o plano por causa da forte tradição do Rio Grande do Sul nesse tipo de segmento, mas só vão definir produtos, volumes de produção e datas a partir do mês de agosto, quando vierem para o Brasil conhecerem o terreno selecionado.

“A Shiyan Yunlihong não tem grande participação no gigante mercado chinês. Fatura cerca de US$ 450 milhões por ano no país. Mas tem ampla experiência na produção de caminhões leves, médios e pesados e ainda é reconhecida por fazer diversos tipos de implementos. Vamos aproveitar para trazer esta expertise para o Brasil”, afirma o diretor.

NACIONALIZAÇÃO

Roehe admite que a Yunlihong Motors não tem se preocupado em ter caminhões com 60% de conteúdo local, pelo menos a princípio, para obter o financiamento pelo BNDES/Finame. “Seria muito difícil no primeiro ano de produção atingir esse grau de nacionalização. Mas dentro de 18 meses de operações trabalharemos para atingir gradativa nacionalização dos componentes e chegar a esse nível.”

A empresa ainda estuda se vai se inscrever no Inovar-Auto, o novo regime automotivo em vigor até 2017, para ter direito a uma cota de importação sem o adicional de 30 pontos no IPI. A questão deverá ser definida até o próximo mês, durante a visita dos chineses.

PAÍS ESTRATÉGICO

Os primeiros contatos da Shiyan Yunlihong com o Rio Grande do Sul ocorreram no início de dezembro de 2011. Foi o próprio Guilherme Roehe, que é gaúcho, quem sugeriu o Brasil para receber a empresa, que até então exportava veículos da China para países da América Latina, como Peru e Venezuela, e também para a África.

Roehe trabalhava na sede da Shiyan, na Província de Hubei, na China, há dois anos e havia sido escalado para encontrar um local ideal para montar uma fábrica no continente africano. A planta serviria para abastecer toda a África e também a América Latina. Mas Roehe não encontrou boas condições de infraestrutura por lá, o que o fez lembrar-se de sua terra natal e principalmente dos benefícios fiscais que o governo do Rio Grande do Sul tem oferecido para fortalecer a cadeia automotiva local.

O executivo convenceu os chineses e logo se uniu aos outros diretores, Lúcio Storchi e João Batista Ribeiro, também gaúchos, para agilizar as negociações. Camaquã, aponta Roehe, foi escolhida pela boa localização. Está próxima da BR 116, que está sendo duplicada, da capital Porto Alegre, e do porto de Rio Grande. “Todos esses fatores, somado aos incentivos fiscais do Estado, que é um importante polo metal-mecânico e muito receptivo, contribuíram”, resume.

Um dos benefícios que a Yunlihong Motors do Brasil conseguiu é a participação no programa Fundopem, podendo postergar o pagamento de parte do ICMS por até oito anos enquanto a fábrica é construída. (Fonte: Automotive Business).

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